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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ranelato de Estrôncio: uma droga eficaz quando o assunto é osteoporose!

Enquanto passeava de carro com meu esposo e escutava a rádio CBN ouvi uma reportagem muito interessante sobre a osteoporose. Então resolvi transcrevê-la para facilitar o entendimento de todos. A reportagem foi exibida pelo repórter Luis Fernando Correia no dia 28 de março de 2011: “Pesquisa espanhola traz novidades para o tratamento da osteoporose”. O áudio pode ser ouvido na página: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/luis-fernando-correia/2011/03/28/PESQUISA-ESPANHOLA-TRAZ-NOVIDADES-PARA-O-TRATAMENTO-DA-OSTEOPOROSE.htm.

Reportagem transcrita:

“São 10 milhões de pessoas no Brasil e mais de 200 em todo o mundo: estes são os números da osteoporose. Uma doença silenciosa onde os ossos ficam mais frágeis e, portanto, mais sujeitos a fraturas. Uma pesquisa apresentada no Congresso Europeu de Osteoporose em Valência na Espanha trouxe uma boa notícia para quem sofre deste problema. Os ossos diferentemente de como se pensa passa por um contínuo processo de renovação, assim como todos os tecidos do nosso corpo. Dois tipos de células fazem o trabalho de retirar o osso velho e criar o osso novo dentro da estrutura dos nossos ossos: os osteoclastos que desfazem os nossos ossos e os osteoblastos que reconstroem. Nas mulheres especialmente após a menopausa esse processo fica desequilibrado e a retirada de osso passa a ser maior que a renovação, deixando assim os ossos mais frágeis. O tratamento da osteoporose se baseia na reposição de cálcio e na administração de medicamentos que possam interferir neste processo de reconstrução. A pesquisa apresentada na Espanha comprovou a eficácia de umas substâncias sob os ossos com osteoporose já que alguns medicamentos conseguem bloquear as ações das células que destroem o osso, freando assim o processo. Uma substância estudada que foi o Ranelato de Estrôncio se mostrou eficaz em bloquear a destruição do osso e também estimular a reconstrução de osso novo, aumentando a densidade óssea e diminuindo a osteoporose. Este estudo envolveu 75 centros de pesquisa em 12 países, inclusive o Brasil. Na pesquisa, os pacientes, todas as mulheres após menopausa, foram avaliadas por métodos radiológicos e a eficiência comprovada através de biopsia óssea. Os ossos mais fortes são importantes por diminuir o risco de fraturas especialmente as do fêmur e da coluna vertebral. Cuide dos seus ossos, mas não espere a idade chegar. Converse com seu médico já para avaliar a saúde de seu esqueleto.”
O doutor Bernardo Stolnicki, segundo vice-presidente do Comitê de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Ortopedia, em uma entrevista realizada no dia 29/03/2011 pelo repórter Luis Fernando Correia para a rádio CBN, destacou o Ranelato de Estrôncio também como uma droga eficaz no tratamento da osteoporose para os homens. Segundo o médico ortopedista, com o aumento da longevidade esta doença atinge também o sexo masculino, o que não era observado antigamente. Enfatizou ainda que o ideal, na medicina toda, é se trabalhar com a prevenção. O importante é identificar os pacientes que poderão ser potencialmente vítimas da osteoporose e atuar tanto na formação da massa óssea quanto na diminuição da perda de massa óssea, para evitar que estes pacientes venham a desenvolver a doença.



SOBRE A OSTEOPOROSE

A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica, caracterizada por massa óssea baixa e deterioração microarquitetural do tecido ósseo, conduzindo à fragilidade do osso e ao aumento do risco de fratura.

O principal constituinte do esqueleto é o tecido ósseo, um tipo especializado de tecido conjuntivo, formado por osteócitos, osteoclastos, osteoblastos e matriz óssea. As células responsáveis pela produção e manutenção dos ossos são os osteoclastos e osteoblastos. Os osteoclastos têm a função de reabsorção óssea, já os osteoblastos são responsáveis pela síntese de osso novo, e suas atividades são controladas por hormônios.

A osteoporose acontece porque há uma desproporção entre as atividades osteoblásticas e osteoclásticas, onde a ação dos osteoclastos é maior do que a ação dos osteoblastos. Esse desequilíbrio resulta numa perda excessiva de massa óssea, podendo chegar a 35% nas mulheres nos dez primeiros anos após a menopausa. Esta relação de perda óssea pode ter seu processo ainda mais intensificado, quando esta estrutura se encontra exposta a alguns fatores de risco como idade avançada, hereditariedade, diabetes, fumo, álcool em excesso, falta de atividade física, dieta, fatores hormonais (hormônios que regulam o cálcio).

A osteoporose pode ser dividida em dois tipos de acordo com sua origem. A osteoporose primária, que é subdividida em dois tipos. A do tipo I está associada a deficiência de estrogênio, a do tipo II esta relacionada com o envelhecimento. Já a osteoporose secundária é associada a um processo patológico, como distúrbios endócrinos, falha na absorção de nutrientes, neoplasias ósseas malignas, uso prolongado de corticóides e insuficiência renal.

Durante a menopausa acontece uma queda brusca dos níveis de estrógeno, o que diminui a absorção intestinal de cálcio, provocando a osteoporose. Mas os homens também podem ter esta doença, só que ela aparece em uma idade mais avançada, uma vez que eles não têm uma queda brusca na produção de seus hormônios sexuais.

Os hormônios envolvidos na remodelação óssea

Com o avanço da idade na mulher, por volta dos 45 anos, ocorre invariavelmente a menopausa, o fim do seu ciclo reprodutivo, em que ocorre a queda dos hormônios femininos (estrógeno e progesterona). Com isso, alguns transtornos emocionais e físicos podem acontece, e dentre os físicos a osteoporose. Já nos homens o processo fisiológico da diminuição na produção da testosterona ocorre de forma discreta, cerca de 1% ao ano após os 40 anos de idade. Quando essa queda é mais acentuada, o fenômeno é denominado de Andropausa ou climatério masculino (resultado das disfunções sexuais e os problemas físicos provocados pela diminuição do nível de testosterona que atinge homens com mais de 50 anos). Alguns homens podem apresentar também problemas físicos, e dentre eles, está a osteoporose.

A calcemia (nível de cálcio no sangue) é regulada pelos hormônios: paratormônio ou PTH (produzido na paratireóide) e calcitonina (produzido na tireóide). O PTH causa um aumento no número de osteoclastos (células responsáveis pela degradação óssea), com liberação de fosfato de cálcio e aumento do nível de cálcio no sangue. O hormônio calcitonina se opõe ao efeito do PTH, ou seja, inibe a retirada de cálcio dos ossos.

Outros hormônios também são importantes no processo de formação e remodelagem óssea como o estrógeno, testosterona e cortisol. O estrógeno aumenta a expressão dos receptores de vitamina D (1,25 diidroxivitamina D3), hormônio do crescimento (GH) e progesterona, além de modular as respostas das células osteoclásticas estimuladas pelo PTH.

Além do fator hormonal envolvido no equilíbrio da calcemia, uma questão importantíssima é que o cálcio pode ser retirado dos ossos para a manutenção de níveis sangüíneos normais durante períodos de privação de cálcio na alimentação.

Diagnóstico

O tratamento terá um maior progresso se iniciado com um diagnóstico, determinando a evolução e o estágio da osteoporose. A forma usual para o diagnóstico da osteoporose é o estudo de imagem feita pelo DEXA, que mede a densitometria óssea (DMO), normalmente da coluna vertebral e do quadril. Sabemos que a osteoporose é uma doença que não apresenta sintomas, e por isso é comum ela ser detectada após os indivíduos sofrerem fraturas.

Prevenção

A prevenção da osteoporose deve ser iniciada com a devida importância ao estilo de vida e a dieta, ainda na infância, com quantidades suficientes de cálcio (1,0 g/dia), vitaminas D e C, e proteínas, com regular exposição ao sol (15 minutos/dia antes das 10h e após as 16h, com exposição de 5% de superfície corpórea (braços e ou pernas), para ativação da vitamina D responsável pela deposição de cálcio nos ossos), atividades físicas, precauções contra quedas e controle de reposição hormonal (medicamentos). Além de reduzir os excessos, como: o consumo alto de café e álcool, uso de tabaco e alguns fármacos nas idades futuras.

O período principal para se prevenir a osteoporose são nas duas primeiras décadas de vida, mas é dos 20 aos 30 anos que ocorre o pico de massa óssea. Além de exercício físico vigoroso até os 30 anos, também é necessária a ingestão adequada de cálcio, principalmente durante a infância e a adolescência, para se obter um elevado pico de massa óssea.

A atividade física diminui a possibilidade dos ossos em perder cálcio e faz com que eles fiquem mais densos. Além disso, o exercício agudo, não intenso, aumenta os níveis de calcitonina e vitamina D, proporcionando um balanço positivo de cálcio e prevenindo a reabsorção óssea (saída de cálcio dos ossos para equilibrar a calcemia).

O aumento da massa óssea durante a infância e a adolescência vai refletir na fase adulta, quando se atinge o pico de massa óssea. Quanto maior for esse pico, menor é o risco do indivíduo ter osteoporose. A prevenção deve começar desde cedo.

Tratamento

O tratamento é feito a partir de programas de reabilitação, principalmente os exercícios físicos resistidos e medicamentos. O tratamento por medicação é classificado em duas categorias: a primeira medicação é a que estimula a formação óssea que inclui: cálcio, vitamina D e os biosfosfanatos para homens e mulheres; a segunda medicação é a que reduz a reabsorção óssea, que inclui: reposição hormonal, biofosfanatos, calcitonina, cálcio e vitamina D para as mulheres. Porém, se as medidas preventivas no tratamento de osteoporose forem interrompidas a perda óssea retornará.

Relação entre a idade e a densidade mineral óssea

Quase 90% do conteúdo mineral ósseo são depositados no final da adolescência. A maioria dos estudos indicam que o período entre os 9 e 20 anos de idade é crítico na formação de uma densidade mineral óssea. O ideal como uma salvaguarda contra as perdas inevitáveis que ocorrem com o processo de envelhecimento deve ser iniciada na infância e na adolescência, ou especialmente antes dos 35 anos de idade, evitando assim a redução da perda óssea nos anos posteriores.

Relação entre a dieta e a densidade mineral óssea

As dietas têm um papel importante na saúde do osso. O componente protéico do osso, o osteóide, precisa ser mineralizado para dar ao osso sua rigidez e sua força. O elemento mineral essencial e necessário para esse processo é o cálcio. O cálcio está fortemente disponível em nossa dieta, com muitos alimentos servindo de fonte.

O corpo humano contém cerca de um quilo de cálcio, quase todo em nosso esqueleto; 1% é encontrado na corrente sanguínea e outros fluidos corporais. Para manter esse nível de cálcio, devem ser incluídos na dieta alimentos ricos em cálcio, como leite e seus derivados, vegetais de folhas verde-escuros, quinoa, amêndoas, avelã, aveia, feijão, flocos de cereais, farinha de peixe, melado de cana, dentre outros. Algumas pessoas, porém não são capazes de obter tudo que necessitam apenas de sua dieta, utilizarão um suplemento de cálcio para elevar esse nível.

Quando a quantidade de cálcio do sangue não está em equilíbrio ocorre a reabsorção óssea, ou seja, o cálcio é retirado dos ossos e vai para a circulação sanguínea, favorecendo um nível adequado de cálcio no sangue.

Nem todo o cálcio ingerido é utilizado pelo organismo, pois cerca de 20 a 40% do cálcio da dieta são absorvidos no segmento mais proximal do intestino delgado por processo ativo, dependente da presença de vitamina D e da proteína de ligação do cálcio, envolvendo a forma solúvel ionizada ou ligada à albumina que vai para a corrente sanguínea por processo ativo.

A vitamina D é necessária à deposição do cálcio na matriz dos ossos, exercendo efeito direto na calcificação do tecido ósseo.

A absorção de cálcio está também relacionada com a ingestão de proteínas e de glicídios. Uma grande porcentagem de cálcio é absorvida quando a dieta apresenta alto teor de proteínas, o que parece ser devido à influência de alguns aminoácidos como lisina, arginina e serina sobre o pH intestinal e a formação de complexos solúveis cálcio/aminoácido. Quanto aos glicídios, a lactose parece aumentar a absorção do cálcio, principalmente no íleo, talvez pela atuação de lactobacilos produtores de ácido lático que aumenta o pH intestinal.

Os lipídios também exercem influência sobre a absorção do cálcio, pois seu excesso na dieta ou sua absorção reduzida acarretam um excesso de ácidos graxos livres no intestino, que combinam com o cálcio livre e forma cálcio insolúvel, de saponificação, sendo este complexo excretado.


Referências:

CUNHA, C.E.W.; et. al. Os exercícios resistidos e a osteoporose em idosos. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.1, n.1, p.18-28, jan./fev. 2007. Disponível em <
http://rbpfex.com.br/wp-content/uploads/2008/10/pfex_02_n1v1_pp_18_28.pdf>. Acesso em 4 abril 2011.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9ª edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. 

LANZILLOTTI, H.S.; et al. Osteoporose em mulheres na pós-menopausa, cálcio dietético e outros fatores de risco. Rev. Nutr., Campinas, v.16, n.2, 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732003000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso  4  abril  2011.

TRINDADES R.B.; RODRIGUES, G.M. Exercício de resistência muscular e osteoporose em idosos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v6, n3, p.79-86, 2007. Disponível em <http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/remef/article/viewFile/1235/942>. Acesso em 4 de abril de 2011.



5 comentários:

  1. Conteúdo muito interesante, porém muito difícil de ler, pois a fonte escolhida, bonita no papel, fica ilegível na tela.

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  2. Olá anônimo... que bom que achou interessante! Espero ter contribuído para sua a´rendizagem! A propósito, o seu computador deve estar desconfigurando a letra, pois verifiquei e está perfeita!

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  3. DISCLAIMER: Antes de alguém sair correndo atrás do "milagroso" estrôncio é bom consultar a Revisão da Agência Européia de Medicamentos referente a toxicidade: http://www.blogsabermedico.com.br/biblioteca-medica-cientifica/ranelato-de-estroncio-sob-revisao-da-agencia-europeia

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    1. Olá! Eu, Érika, como nutricionista apoio sempre a prevenção ... os remédios são opções de tratamento, que assim como todo e qualquer medicamento existem os pós e os contras! É preciso avaliar cada caso... ainda vale ressaltar que as condutas médicas são diferentes de um profissional para o outro... há os que defendem e os que condenam o uso de alguns medicamentos. A leitura e a busca pelo conhecimento é muito importante, também para o leigo... não é?

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  4. Sou diabetica e faço uso de insulina, a minha dúvida quanto ao medicamento é a seguinte: é para ser tomado 2 hs após o jantar mas pode ser ingerida comida após a medicação? Devido a insulina ñ posso ficar sem me alimentar antes de deitar.

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